Da insanidade mental à saúde pública:
Vitória precisa combater o surto das drogas
Venho aqui, por meio deste artigo, expor duas situações que precisam dos cuidados do poder público: a insanidade mental causada exclusivamente pelo constante stress em que vivemos e a provocada pela fuga através das drogas.
Atualmente, estamos enfrentando um surto de pessoas com problemas psicossomáticos, que levam ao desequilíbrio emocional. Não é um assunto muito agradável e sabemos que, por muitas vezes, gera incômodo na sociedade. Ninguém quer ser o amigo, o parente ou o próprio doente mental. Mas isso não deve ser ignorado, toda a sociedade vive num momento delicado onde o desemprego, a violência explícita e a degradação humana por meio das drogas causam uma pressão sem medida em todos nós. Portanto, qualquer um pode, em algum momento da vida, ser levado a este abismo.
A doença psicossomática é a soma de vários problemas e traumas físicos, psíquicos e sociais enfrentados ao longo da vida. Na maioria das vezes, começam no âmbito emocional, causado pelo stress e pressão do dia a dia. O desemprego, que desespera o pai ou a mãe de família, que precisam pôr o pão de cada dia dentro de suas casas e a falta de estrutura psicológica e familiar, faz cada vez mais vítimas dessa doença.
Nestes casos de problemas mentais existe o Hospital Adauto Botelho, que por muitos ainda é visto como uma alternativa de deixá-los longe do olhar comum. Nos piores casos, essas vítimas do sistema ficam vagando pelas ruas sem qualquer condição humana de viver e, em decorrência de alguma doença, acabam morrendo.
Ainda para os casos de pessoas que apresentam distúrbios mentais, existe em Vitória o CAPS – Centro de Atenção Psicossocial Ilha de Santa Maria, da Secretaria de Saúde de Vitória. Ele se propõe a ser um local acolhedor e de tratamento, oferecendo atendimentos individuais e em grupo além de atendimento às famílias dos usuários com transtornos mentais graves. Mas, apesar de ser uma boa iniciativa, não chega nem perto de atender à demanda da cidade. Portanto, é evidente a necessidade de, não só esta instituição pública funcionar no período integral (24h) como outras destas existirem.
Ainda falando de insanidade mental, temos notado o crescente número de usuários de drogas e os "zumbis" do crack perambulando pelas ruas como trapos humanos. É difícil ser compreensivo nestes casos e ajudá-los, mas estas pessoas são vítimas também. O stress e a depressão são vilões que levam as pessoas ao vício e à loucura. Balançados pela angústia entram no mundo das drogas, e neste momento precisam de um lugar para se tratar, e assim terem uma vida normal e digna.
É pensando nesta necessidade que volto a falar sobre a criação de uma Clínica de Recuperação de Drogados. Como não existe na nossa cidade um centro público municipal de recuperação para usuários de drogas lícitas (álcool, cigarro e remédios) e ilícitas (maconha, crack, cocaína...), reclamo atenção para esse problema social, que está presente no nosso dia a dia e precisa ser encarado de frente.
Apresentei o Projeto de Lei: 270/2008, no dia 31/07/2008, que autoriza o poder executivo a desapropriar área localizada no bairro de Santa Tereza na região de Santo Antônio (antigo Tabernáculo da Fé), para que seja instalada no local uma Clínica de Recuperação de Drogados. Pois, este local está desapropriado e sem utilidade. Mas infelizmente o projeto foi vetado pelo Prefeito e aguarda ser inserido na pauta para a votação do veto.
Como presidente da Comissão de Saúde, fico preocupada com esta realidade e reflito bastante a respeito da nossa infraestrutura para tais situações. Em Vitória, existem lugares de tratamento para dependentes de drogas, mas infelizmente são privados. Isto significa que estão ali com um propósito financeiro e não humanitário. Essas instituições visam dinheiro, e os tratamentos são caros, sendo acessíveis apenas à minoria bem remunerada da população.
Há também organizações religiosas e igrejas que tentam, de algumas maneiras, ajudar essas pessoas. Mas por não terem estrutura adequada e recursos financeiros para isso, acabam cobrando também daqueles que pedem ajuda, e diante desta situação, a família já desesperada e com pouco dinheiro, acabam se endividando para tentar salvar a vida de seu ente querido. Não que isso seja uma regra, mas é o que vemos acontecer.
Nossa sociedade está doente. Temos que lutar pelo resgate daqueles que se entregaram em algum momento e não conseguem retornar, se refugiando em um mundo próprio, sem pressões ou sacrifícios, permanecendo completamente anestesiados dos problemas sociais, e, por fim, tornando-se um deles.
Obs.: Vale ressaltar que, ao falar de problemas mentais causados pelo stress ou pelo uso de drogas, não me refiro aqueles que possuem transtornos mentais causados por carga genética ou outras causas.
Data de Publicação: quarta-feira, 05 de agosto de 2009
Atendimento ao Público:
De segunda a sexta, das 07h00 às 19h00
Dia e horário das Sessões Plenárias:
Segundas, terças e quartas-feiras,
a partir das 09h30
Av. Marechal Mascarenhas de Moraes, n° 1788
Bento Ferreira - Vitória/ES - CEP: 29050-940